OUTONO, A SOLIDÃO

    

Era noite de outono, embora as folhas secas não enfeitassem a imagem desta época, afinal, a única planta que essa geração preocupa-se em projetar é a planta baixa de uma casa. Mas ainda era outono, e com ele vinham todas aquelas imagens de livros do ensino fundamental. De vento gelado, vazio, folhas secas e árvores nuas.

Era outono!


Ela? Seu próprio livro de ilustrações. Gelada, sem folhas e nua, em uma estante por instantes em sua casa, foi quando percebeu que o verão havia se perdido no sol dos olhos que faziam arder à alma de quem por ventura viesse a cair ou tombar sobre eles, a casa estava escura, no vento forte a chuva desabou, entristeceu-se, mas segurou suas lágrimas. Sem mais, era outono. E seus olhos congelavam, seu corpo não mais dourava e elevava as temperaturas, suas folhagens caiam, seu calor sedia.


Era estação de mudança, trilho de alguma esperança que seguisse no vagão, por ser outono a sua estação e inverno a sua sucessão por mudança e contramão, a qualquer direção.


Era outono! A solidão.